NOS DIAS SEMELHANTES A HOJE

 

 

Nos dias semelhantes a hoje

Sinto-me tão só e perdida...

Como se em labirintos

Fosse envolvida minh’alma

Retirando o conforto e a simples calma

Céu embaçado... de nuvem enegrecida!

 

Sou apenas transeunte esquecido

Cônscio da tua ausência mais presente!

Apartado da luz do verde mar inconsistente

Do teu olhar imutável... de pesar inibido...

 

Flagelo deste coração medroso e aturdido

Incapaz de a ti ofertar a paz menos reticente!

 

Nos dias semelhantes a hoje

A inquebrantável convicção se derrama

Numa translúcida lágrima dolente!

Abraçada em lençóis ao pé da cama

 

Vislumbro o fenecer da antiga chama

Através da certeza dum porvir inexistente!

 

Nesse habitat vago... o véu transparente

Revela ocultas e cruéis verdades

Sinônimo de sofrimento e eterna saudade

Morte lenta de quem se tornou infiel e descrente!

 

Em dias semelhantes a hoje

Já não consigo ser versos da inenarrável poesia

E sim antes de tudo... moribundo na lenta agonia

Do carregar inevitável do pesado fardo!

Onde soluço as mágoas e no fogo ardo...

 

Nos dias semelhantes a hoje!