As Belas Mentiras

Revestidas de correção gramatical, poucos ou nenhum erro, agilidade de raciocínio, criatividade,  chegam embaladas pela vontade de acatar como preciosidade que pensa merecer.
Na avalanche de sentimentos, alguém sente-se único, e, sedento,  as sorve como água abençoada que chega em paisagem desértica.
 
Avaliando as "máximas", alguém revê conceitos.
E no esforço supremo de amar e  ser amada, ressuscita.
 
Insinuantes, poderosas e persuasivas, rompem resistências, tanto as ditadas pelo bom senso, quanto as que decorrem do medo aprendido com as decepções da vida.
Alguém poderia argumentar contrapondo com o livre arbítrio de envolver-se ou não.
Em resposta digo que as resistências afetivas são as mais frágeis.
Na verdade, não há mesmo o desejo de resistir.
Há desejo de entregar-se à felicidade que, a cada dia parecia mais impossível e distante.
Essa fragilidade faz com que alguém se deixe convencer.
 
Dentre as várias classificações possíveis, em relação às pessoas, encontram-se as que plantam o tempo todo e as que colhem.
Tenho a pretensão de pertencer ao primeiro, até porque é um grupo menos concorrido.
 
E não há como livrar-se da colheita.
É bíblico!
 
Resta retomar a vida à luz do exemplo das ondas do mar.
Avançando e voltando teimosa e repetidamente.
Acumulando da praia as areias e do fundo as pequenas vidas embutidas.
 
Ou como a primavera que nunca falha em voltar depois do gelo.
 
Bom que não há mais medo.
 
Deixo de temer, tento compreender, as belas mentiras.