Germinação

Abro-me em espinho, porque no meu peito florescem rosas. E sirvo-me dos espirais pontiagudos, para proteger a delicadeza que me transborda. São escudos a velar minha inocência, pois nesta terra olhar cegamente para tudo é suicídio. Não tenho talento para definhar, por isso me fiz samurai da minha bem aventurança. Sou guerreira e o meu escudo pontiagudo também é veludo e doce, sabe como defender sem precisar atacar, sem ter de recuar, apenas livra-se-me dos golpes mundanos, que de tão precários tentam, ainda, insistir na própria submissão.

Caminho olhando as pedras e sentindo estrelas. No caminho tortuoso, não sou o que piso; sou o que ouso, sou o que abstraio, sou o que levo. E levo comigo segredos suaves, de uma textura agradável e serena, que rebrilha na face de quem toca, que é luz no sonho de quem chora, que é vida no berço de quem ama. Nesta passageira empreitada, não basta-me ser passageiro, tenho que servir como operário, tenho que colocar as mãos na obra, tenho que gritar o que aprisiona o medo, tenho que lutar a luta perfeita, tenho que unir, porque sozinha sou fraca, e meus braços ainda não alcançam o universo. Quero entoar um grito unificado de milhares vozes solfejando a alma numa mesma música, uma melodia universal, que acalenta, perdura e ressoa na freqüência que liberta o aprisionamento. Neste plano ainda é humano minha solicitude, meu reencontro com o que me jaz... Seguirei angariando mãos para me acompanhar, seguirei acreditando no sol que ainda vai raiar; na lua esplendorosa que nos alumiará. O céu mostra-se em todo lugar, através dele a beleza revelará o arco-íris que nos encantará com um mesmo sonho, um fim que no fim do verso, ao invés de ouro, é a elevação, um canto demasiado terra, considerado vento, ternura de apaziguamento refletindo o que em nós é coloração, branco, brando, esperanto e germinação...

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Drika Duarte
Enviado por Drika Duarte em 12/10/2008
Código do texto: T1225203
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