{Hoje ...}
Hoje e só hoje não quero dar sentido à vida, às coisas, para mim mesma, nem explicar nada, nem informar nada, nem responder nada.
Escorro, desencavo apenas meu poço de mim passo a passo, a extensão-fundura do meu terreno vadio.
Eu aqui com minha pá, vezenquando cavo com as próprias mãos, gostoso afundá-las no escuro úmido desse nada, caos macio, gosto de ver e sentir as unhas permeadas dessa matéria indefinível, sem categoria, inacaba... pela unha se vê a vida e é tão misteriosa que nasce assim do nada, do sangue latejando na extremidade. Eu gosto.
Há sempre mais coisas-caos no e do escuro para tatear. As coisas ruminam-se, ingurgitam como um corpo ácido-amargo e cheio de vértices na boca do tempo.
Escalo-me. Montanhosa. De repente no topo mais alto da montanha poço, olho parada como quem vai para longe de si quase apertando as pálpebras e ao mesmo tempo bem perto como efeito bumerangue também em vertical, chego-me a mim, porque bem fundo ao revés então descubro-me o próprio sentido no centro do nada, de mim mesma. O próprio sentido, eu mesma.