Da vida o que a gente leva é só o amor.

Diante das dores da vida – que ela oferece quando menos se espera – seja firme como uma rocha às margens do vasto oceano. Porque a existência é infindável e não pode existir sem a graça do teu espírito sempre aberto ao despertar do amanhã. Por um momento páre. Olhe ao infinito. Escadas para o céu lhe aguardam e os anjos – sejam de trevas ou de luz – virão ao teu encontro. Porque não há céu sem a terra e a lua sem o sol. Viva cada instante como se fosse único e aprecie o pousar das borboletas no jardim dos disfarces, pois o teu viver, às vezes era como brumas em uma tarde mansa. Outrora, o beijo de um beija-flor nas margaridas frescas e, por ventura, farsas disfarçadas em poesia dilacerada que também já machucou outros corações.

As delícias da vida são como pétalas ao vento, a assoviar faceiras quando a primavera desabrocha em luz. O som da lua - sinfonia angelical – existe para os que podem realmente perceber por instantes o êxtase sagrado dos deuses no Olimpo. Sonhe com a imensidão que pertence ao mundo de lá, porém, esteja atento as ações no mundo de cá e mesmo se você não puder perceber, a terra e o universo cumprem o seu destino. Você é filho das estrelas, amigo de todos os seres imagináveis e infinitamente pequeninos, portanto, não se sinta só e desprotegido. O calor que emana da estação mais bela do ano preenche o vazio de tua alma.

Olhe as tuas mãos. O que elas trazem? Um punhado de aurora? O que há dentro do seu coração? Versos peregrinos em teu peito? Se você pudesse recomeçar desde o dia em que nasceu o que mudaria em sua longa existência? A vida passa em um instante. Tão breve. Tão certa. Às vezes traiçoeira como os olhos de um gato selvagem. Sinta-se leve como as asas de uma libélula. Se as tuas dores são tão intensas, se a cruz é muito pesada, olhe ao seu redor. Muitos caminhantes também sofrem e choram. Chore se for preciso. Derrame as lágrimas que há tanto estiveram escondidas dentro da alma. Água da nascente vai lavar teus prantos. Mamãe Oxum na cachoeira carregando lírios sorri aos seus filhos. Não se desespere. O mundo ainda é bonito. E a prudência é a alma de um caminho seguro.

As dores e as delícias são partes da vida. Histórias que se completam e se entrelaçam com as dos outros. Sorria mesmo se a tua vontade é de cair em prantos. Quem vai enxugar as tuas lágrimas? O segredo está nos detalhes tão pequenos, na leveza de ser e no existir. E como um anjo torto você apareceu na minha vida. Fez serenata, desabou em lágrimas; estendeu a mão uma vez e outras tão poucas fugiu de ser simples. Pois a simplicidade consiste em dizer a verdade sempre. Entretanto, haja o que houver, eu lhe perdôo. Porque você é um menino que, vez ou outra, ainda precisa de colo.

Clame aos anjos nas tuas preces e perceba que em cada gota de lágrima há ternura e amor. E ao apreciar o pôr-do-sol lembre-se de perdoar aos que lhe amaram de verdade. Lembre-se de cumprir as tuas promessas e palavras e infinitamente compartilhar o amor. Cuide do seu dom. Ensine a lei do amor e do perdão aos que não a conhecem. Viva o presente, perdoe o passado e vislumbre o futuro - tão próximo - pois você é o que você sente e pensa. Sinta o pulsar do verdadeiro amor. Quando cair, levante-se e sorria ao se redor.

O que eu posso lhe ensinar no vão das pequenas coisas?

Ensino-lhe a ser simples como o vôo de um pássaro solitário - no caduceu - rasgando o infinito, onde não há fronteiras. Ensino-lhe a perdoar e a dar valor a uma verdadeira amizade. Ensino-lhe a abraçar a vida e a esquecer as dores do mundo. Dê as mãos ao teu filho e sorria. Olhe nos olhos. Agradeça aos céus em cada gesto teu. O ar que você respira. Seja grato por tudo que a vida lhe ofereceu. E cure-se de um amor mal resolvido. Pois da vida só o que a gente leva é o amor e nada mais.

Seja amigo de verdade. Pois nada mais é tão importante quanto uma amizade honesta, singela e de alma aberta.

E nunca perca a pose, a maestria e a coragem de viver.

Prosa dedicada a um amigo: Evandro F.B.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 08/10/2008
Reeditado em 09/10/2008
Código do texto: T1217997
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