A Garrafa de Gim
Tudo em minha volta era vazio
Deixei de existir naquele final de setembro.
Estava fumando meu cigarro e bebendo.
Bebendo meu último trago, deduzindo.
Mesa desarrumada, esculhembada.
Não posso mais esquecer daquela cor
Não doia mais as quedas da cama de noite.
Me olhava no espelho do silêncio noturno
"Aonde irei agora?" Odeio-me, enternamente.
"Diga! Aonde irás?" Perguntei-me.
Antes de quebrar o maldito espelho
As minhas calejadas mãos sangraram.
Gritei até não poder mais de tanto ódio.
Sentei naquela cadeira naquele momento
Joguei a garrafa de gim na parede.
A garrafa, a cadeira, a mesa, o retrato.
Tudo dentro de mim era um vácuo.
Dirigi-me ao banheiro, peguei a lâmina.
Cortei o meu pescoço, logo me arrependi.
Apavorado, corri até a porta.
Lá, tudo ficou branco. Pedi para voltar.
Mas já estava descansando em paz.
Tudo o que eu queria naquele momento,
Era a minha bendita garrafa de gim.