LOUCURA E LUCIDEZ!
Quero reaver a minha lucidez, sair, de vez, do interior deste casulo em que me encontro, enclausurada pela minha própria desistência de ser. Desistir de abraçar o mundo com minhas mãos e aceitar-me pequena, frágil, diante da imensidão do universo.
Embriagar-me de poesia, posto que ela não me nega o seu abrigo, quando, cansada da rotina incessante e tediosa, busco-a, com o intento de dar fim a minha ansiedade... A minha ausência de raciocínio impede-me o vôo, livre e plenamente curada da dor.
Quero abraçar a mim mesma e não sentir culpa por voltar meus pensamentos tão somente a mim. Tão egoisticamente eu... Tão distante do que me leva para longe de mim.
Pudera eu, nem que por um único momento, na infinidade de segundos que me prendem a esta vida, sentir-me só – comigo mesma e que eu me bastasse para matar a minha fome de amor, a minha sede de outrem, o meu desejo de outro corpo, colado ao meu!
Não quero ter pressa de viver... nem de morrer! A vida passa rápida e inexorável e a morte – mais rapidamente ainda – se aproxima! De mim, de você, de todos! Deixo-me a liberdade de esquecer-me dela e de tudo o que me entristece. Quero apenas ver a mim.
Quero coordenar meus pensamentos e meu coração para que as dores não me atinjam – tão duramente como tem sido – e criar um escudo de proteção a minha volta para proteger-me contra todos os fatos adversos, os sonhos dispersos, as malditas ilusões, que ainda teimam em conviver comigo!
Não quero mais ouvir as palavras – Eu te amo! – porque elas me tornam refém da paixão, da necessidade de ser dois, ao invés de um, apenas! Elas ferem meus ouvidos e fazem-me vulnerável, fragilizada e dependente daquelas mãos que passeiam em mim, daquela voz que me sussurra segredos e daquela boca que, tão sofregamente, me beija.
Vai para bem longe de meus pensamentos e não me torne mais a tua escrava! Afasta-te de meu coração e deixa-me estar só, sem esta exuberante necessidade de ter-te, todos os dias em todos os momentos! Essa insana paixão escravizou-me, enredou-me de tal maneira em suas teias que me sinto prisioneira de ti pelo resto de meus dias!
E, como se fora um vício, do qual não consigo me libertar - porque ele é parte integrante de mim - ainda que alguns resquícios de minha razão digam não... Eu digo sim!
Sim ao teu amor! Sim a esta cadeia de sentimentos da qual não consigo fugir. Da qual eu não quero fugir!
Quero ser – eternamente – nós dois!