Rascunho dos deveres
Rascunho dos deveres
Amanhã, só amanhã, farei tudo o que me devo, por enquanto marco o passo, e ameaço…
Vou escrever os nadas para me lembrar de tudo sem esquecer das cores e do silêncio perturbado…
Vou quebrar os vidros da tristeza e pisar nas dunas do descontentamento…
Vou banir as vírgulas do desencanto e tirar do cesto dos papéis os pontos de interrogação…
Vou pôr tremas nas palavras para que sacudidas digam o que sentem, e no fim fiquem apenas as que exclamam a vida…
Vou recitar de cor os olhos das crianças que pedem ao horizonte o renascer da transparência…
Vou pegar a dor pelos cornos e dividi-la em fé e sofrimento…
Vou fazer da fé uma bandeira azul e do sofrimento uma escada de glória…
Vou dizer ao amor que a partilha o torna maior, e entregá-lo aos olhos dos simples…
Vou enfrentar os gumes do destino e pôr-lhe a canga da felicidade...
Vou pintar-me para a guerra dos sorrisos…