O Cheiro Da Morte
Era em uma manhã escandalosa e interminável, que na qual acordei.
Sem pensar, levantei daquela cama velha e encardida, calcei as botas.
O som que ouvia passava entre os meus ouvidos como uma tortura.
Humanos como eu, caminhavam na rua feitos macacos alienados.
O leite fervendo dava-me apetite, mesmo amarelo e azedo.
Pensei no meu dia, botei as mãos na cabeça e deixei a xícara cair.
Debrucei-me na janela, tossi como um doente morrendo de medo.
Virei-me olhando para o sagaz quadro de meu bisavô general.
Senti-me como um tolo, sem méritos e condenado de culpas eternas.
Minha infância... Podre e escassa de alegria, acreditando em ser feliz.
Realmente, conto nesta prosa, a falta de uma consciência.
Humano e indulgente, eu passo a semana tentando consolar-me.
O meu nome eu tenho vergonha de mencionar para qualquer um.
Dirigi-me até o quarto, ofegante e arrumei-me para trabalhar.
As ruas parecem-se mais (como poderei dizer?) com um quadro velho.
Pois, dia após dia, trabalho como qualquer outro, porém, num necrotério.
Trabalho digno – Te examinarei também, assim como me examinarão.
Volto à realidade, sento em uma pedra e sinto o cheiro da morte.
O cheiro maleável, impregnado em minhas roupas.
Deitei-me novamente e adormeci.