O AMOR, O QUE É?*
- O que é o amor?
Donde vem este sentimento?
- Diria que do mais obscuro abismo.
É um demônio foragido.
- Diz-me a mãe que é a frecha do Cupido.
- Estúpido Cupido, já dizia o poeta.
O amor não é nada disso!
- Pois que é?
- Já disse, é o cramunhão, o diabo em bela forma.
- Mas como é isso?
- Ora, não diz que o diabo se transfigura em
anjo luzente? pois aí está!
- Como é que tão doce sentimento pode ser assim?
Não diz que o mal não compactúa com o bem?
- Agora estou a rir. Donde tiraste
que o amor é bom?
- É o mais puro sentimento.
- Não me faças rir ainda mais, que eu morro.
Não há pureza nenhuma, nem bondade, no amor.
Este é um sentimento torpe e nojento, que corrói a alma,
o ser, o homem, o corpo; é o mais mortífero fel.
- Pára, que tu és o que me dás nojo!
Dessas inúteis palavras nota-se que nunca amaste.
Mais certo é dizer que não tens coração que possa
comportar o amor, e, se tiveres, ele o repugna e se nega
a habitá-lo.
- Como és inocente... Deveras nunca amei e jamais amarei, juro.
- Não perjures! Como podes dizer tal coisa?
Já sei agora por que dizes tantas asneiras!
- Por quê?
- Porque temes.
- Eu? Nunca jamais!
- Então, por que ficaste tão nervoso? Temes, sim!
- Não! E queres que te prove?
- Se provares, terás perjurado!
- Sempre que eu menti.
- Como mentiste?
- Disse que nunca amei e jamais amarei.
Menti, porque, na verdade, amo...
Amo-te, sempre te amei e sempre te amarei.
A ti te amo mais que tudo.
Não posso mais ocultar. Que fazer agora?
- Por que me perguntas ainda? Não digas mais nada! Simplesmente, ama-me, como eu te amo.
*(Amigo leitor, não termine a leitura deste texto sem comentar, pois seu comentário é de máxima importância para mim, jovem escritor. Obrigado.)