Escondida de Mim...

"Aqui, entre novas e velhas palavras, em antigos ladrilhos, me escondo...
Obscuras árvores balançam no bailar triste do vento...no sussurro entoado febrilmente pelo espinhaço da minha solidão.
A lua molha o chão com seu reflexo do sol...o cristal luar alumia minha alma esquecida.
Em figuras dançantes a névoa toca minha fronte...a aragem gélida da prata noite toma meus ossos.
Enxergo, mas não vejo o voar cinzento de um pássaro de asas metálicas.
Vejo, mas não enxergo o transcurso insubmisso da estrela cadente do meu sonho que rasante corta o infinito céu.
Minha vida amanhece úmida com a garoa e anoitece seca e vazia com a escuridão.
Aqui me escondo...em meio a presença ausente estabelecida pelo consenso...pela ardente realidade.
Aqui me escondo e em vãs tentativas o horizonte tenta me ocultar.
Pois aqui estou...faminta da tua palavra não dita, do teu macio toque não sentido.
Sedenta do teu cálido e perfumado olhar que não vi.
E fujo, sem sucesso, de mim...já me tenho como esquecida de mim mesma...mas é em vão.
Minha alma, em desmedidas e ferozes germinações, escava as estelares constelações das minhas acompanhadas angústias.
Às vezes, no singrar errante dos barcos no mar, vão com eles o meu lamento, o meu irreal desejar...tormentas abrasadoras açoitam as naus dos meus sentires...pungentes sentires.
E o vento continua sua dança entre arabescos dos galhos das centenárias árvores e cantando sua orvalhada melodia...sussura no ouvido da minha alma...
Aqui te escondes...em vão, aqui te escondes de ti mesma..."
KARINNA

Karinna
Enviado por Karinna em 30/09/2008
Código do texto: T1204328
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