Cotidiano da periferia

Como um filme independente,

Vejo episódios inéditos diariamente.

São cenas fortes do cotidiano da periferia,

Um dia é mais nebuloso que o outro dia.

A censura é livre, todo mundo assiste,

Onde o mocinho não existe.

São vários fatos, varias fitas.

Assim contando você não acredita.

É molecada que se afunda na bebida desde cedo,

Mas a família que perde o sossego.

Enche a cara até umas horas,

E nem vê a saúde indo embora.

Isso é necessário pra sua aceitação.

A última dose quando só quando chegar pra sua ao chão.

Será que vale a pena? Ta comprovado que não.

Tem uma par de cara aceito morando no caixão.

Neste filme não tem roteiro. É improviso o tempo inteiro.

Não é ficção, é tudo verdadeiro.

Luz, câmera e ação.

A droga está esperando por você, não é não?

Um dia desses uma tiazinha me parou.

Veio me contar por tudo que passou.

Rosto surrado cheio de ferida.

Trazendo no corpo marcas tristes da vida.

Com 18 anos enjôos, desejos.

Frutos de um namoro que não ficou apenas no beijo.

O pai, como que recebesse uma intimação,

Retornou para o Japão.

Com o restante da família distante,

Lá estava ela, sozinha e gestante.

9 meses se passaram mais rápido que um raio,

Nasce um menino no dia 23 de maio.

Forte, bonito e esperto,

Dono de um futuro incerto.

Em 3 dias receberam altas.

Foi conhecer o barraco,

Onde ia dividir espaço com o rato.

O berço sustentado por um tijolo baiano.

Ganhou de presente no final do ano.

O moleque foi crescendo.

Sua mãe o colocou numa creche.

O tempo passou mais rápido que o The fresh.

Ainda adolescente começou a se envolver, com más companhias.

Começou a beber.

Estava desgostoso. Como ir pra escola. Sem caderno e estojo.

Por mais que se esforçasse sua mãe não conseguia.

Suprir as necessidades do seu dia a dia.

A miséria é a escada que te leva pro chão.

E a droga é companheira que te pega pela mão.

Assim ele se envolveu. Perdeu o próprio respeito.

Já não se arrumava, nem banho tomava direito.

Sentado pelas guias, já não tinha nome.

“ ta ali o maconheiro, drogado por sobrenome.”

Mas o cara neste estado não enxerga um palmo à frente.

Prefere o lado mal, nem quer ouvir a gente.

Para sustentar o seu vicio entrou pro movimento.

E pra sua mãe só aumentou o sofrimento.

Cria um filho pensando na alegria.

Recebe tristeza e agonia.

Num domingo a tarde sentada no sofá.

Ouviu 3 disparos, começou a se desesperar.

Correu em direção ao estampido.

E viu no chão o corpo do seu filho.

As lágrimas ficaram na garganta.

Mesmo na vida errada,

Ela o considerava uma criança.

Agora já é tarde, o pior aconteceu.

Ele encontrou o final que ele mesmo escolheu.

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Edy Moraes
Enviado por Edy Moraes em 30/09/2008
Código do texto: T1204193
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