CIGANA
Coisa terrível o amor, a mais terrível de todas as coisas do mundo. A mais doce também. Em mim, o duplo rosto do amor. Dulce e terrível no teu rosto de índio, de sobrenome basco, companheiro meu de há quase vinte anos. Terrífico e dulcíssimo no vosso rosto de pedra, musgo e neve, de nome nórdico, amor impossível dos impossíveis nomes de mim, impossível amor dos muitos séculos de mim.
O amor, que transformou-me na cigana que já não posso ser nem jamais poderei deixar de ser. A cigana a viver de tenda em tenda, ainda que imaginárias, ainda que sempre entre as mesmas de sempre quatro paredes sólidas deste apartamento no qual me vejo, quase todo o tempo apartada de mim, de ti, de vós. Fora eu cigana de verdade, todos os lugares seriam meus, tudo me seria Pátria; aqui, não me pertenço em lugar nenhum.
E tudo passado. Meu livro, meu filho, prestes a chegar. Meu livro, no qual conto o possível de ser contado do teu, do vosso, do nosso rosto. Que nos adivinhem, os leitores que vierem para nos conhecer. Que nos adivinhem, nos rostos que não temos mais, nos rostos que, talvez, não tenhamos mais.
CONVITE
A quem do Recanto, que more ou que esteja na capital de São Paulo no próximo sábado, dia 4 de outubro.
Neste dia, 4 de outubro, sábado, das 15 às 18 horas, na Livraria Martins Fontes, Av. Paulista, 509 (em frente à estação Brigadeiro do metrô) será lançado, (depois de 19 anos com apenas participações em antologias) o meu livro individual de poesia FLORES DO OUTONO, pela Editora Artepaubrasil, o qual, depois, terá distribuição nacional.
Se algum(alguns) de vocês, queridos companheiros do Recanto, puder(puderem) e quiser (quiserem) estar presente(s) me fará(farão) uma grande honra com sua presença.
Zuleika.