A CONSTELAÇÃO

No palco estelar de um imenso céu azul escuro, pequenos brilhos conviviam, iluminando os corações apaixonados de fãs que assediavam as mensagens poéticas das letras e das palavras, formando o cenário real e imaginário de raro espetáculo, ora impressionante, dramático, ora de enredo cômico e hilariante.

Uma estrela, em especial, relutava diante da constelação, em expor do seu interior o que possuía de mais fulgurante que era o seu passado e presente que a tornava a mais brilhante do ambiente. Por pura e singela modéstia de quem já nasceu grande e reluzente.

Eis que surge um cavaleiro andante, desses D. Quixote de La Mancha que impressionado pelo toque mágico de suas inebriantes palavras, se acerca, se aproxima e a convida a desvendar o seu próprio mistério.

Seu interesse? Conhecer o que se passa na alma dos poetas e por que tanto mistério em resguardar a sua identidade? Que para seu espanto completo se viu diante de um exemplar raro, nunca dantes visto assim de perto tão brilhante.

O cavaleiro se aproximara apenas para certificar-se de que a identidade de sua futura parceira de versos, não se tratava de mais uma farsante no mundo da arte e da poesia, tão repleto dessas subespécies que navegam suas dores, frustrações e desencontros afetivos à caça de um marido poeta.

À medida que se aproxima do foco de sua lente persistente, indo ao encontro daquela raridade, mais seus olhos se encantavam diante do que presenciava.

E assim nasceram duetos mágicos que deixavam alguns participantes com os queixos caídos diante do espetáculo saltitante do onírico, dos versos daqueles dois maestros das letras e dos sentimentos mais belos e nobres, naquele ambiente artificial, por onde antes só uma tênue luz se desprendia de uns poucos esforçados escritores, alguns é bem verdade, com talento e jeito para a sublime arte.

O que se viu adiante é que algumas, até então consideradas estrelas na constelação de poemas, começaram a ter questionado o seu brilho diante da inevitável comparação estelar. O que se chama de uma presença extasiante que apaga, ofusca, assusta, causa a pior das sensações e dos pecados capitais que é a INVEJA!

Então algumas estrelas que já possuíam luz própria se sentiram estimuladas a mirar-se naquela celebridade e mais ainda ensaiaram versos que enalteciam a presença feminina na magia da riqueza inesgotável da poesia.

No entanto, tamanha descoberta, despertou a ira nada santa de algumas até então notadas luzes, que aos poucos foram se transformando em toco de cigarro aceso e hoje poetam na sarjeta daquela privada fétida, por onde se destila o fel ardente e delirante de uma busca incessante de encontrar novamente a celebridade estonteante que revolucionou o manto do pecado que ela transformara em sagrado.

E tudo agora virou trevas... Entregue aos domínios da escuridão...

Hildebrando Menezes

Nota: Prosa poética produzida para o concurso sobre Machado de Assis da Poemas à Flor da Pele – atendendo pedido de Soninha Porto.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 27/09/2008
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