Dois Corpos
Um único ser,
A soma de dois corpos.
Dois corpos febris,
Duas almas sibilantes,
Que se abrasam,
Se tocam,
Murmuram...
Ah, quem dera eu.
Quem dera meu corpo e o teu:
Comunicação carnal,
Bélica e espiritual.
Embebida em carne
Guerreando consigo mesma
Tais almas cruas.
Despidas e despudoradas
De qualquer vergonha,
Porque pecado é não amar,
Não saber amar...
Não saber que dentro de si
Um onze são dois uns
Que somados são dois;
Dois corpos.
Corpos primitivos, corpos!
Libido desenfreado meu
Que nada conquista,
Nada tem,
Nada pede,
Nem sequer retém.
Dedos, bocas, olhos,
Mãos, meras mãos,
Membros calados, ocupados,
Ritmos descompassados
Entre nós dois.
Entre nossos corpos.
Doces e bárbaros corpos.