Parvos! Apenas parvos!

“Há algum tempo, brigaram o Céu e o Mar para ter o título de quem seria o senhor da mais bela cor a ser exibida. O mar defende o seu poder, diz que o seu Azul é brando para os serenos, ora intenso para os bravos e que os poetas agraciavam-no com adjetivos para encantar as donzelas que lhes sucumbiam. O céu também, em partes, cobrava pelos mesmos feitos que gabava o mar.

No debate, tiveram que se contentarem na reticência. Pois, o Sol imenso e Dourado, olhando toda aquela amálgama, disse é uma imperada voz:

_Caleis-vos, bando de ingratos e aparvalhados! Se vos tendes o Azul, é porque vo-los concedo. Senão, passar-vos-íeis de um imenso Negro, e que haveríeis de contentar apenas com um ínfimo Cinza que só minha irmã Lua e minhas sobrinhas Estrelas a brilhar-lhes. Se assim, desejar-me, estando eu nos dias em que meu coração tem olhos pusilânimes, obrigo-vos a serem Vermelhos ou Alaranjados.

O sol, mais calmo, disse-lhe mais:

_Ambos são lindos! Não percebeis que é a beleza dos dois que fascinam os humanos? Sejais belos e dignos de mais versos para que lhos eternizem aos pros que virão.

O Céu e o Mar ficaram alegres pelo elogio do Sol. O sol saiu e, como advertência, puniu-os com o Crepúsculo e a Penumbra.

Mesmo ainda com o castigo, gabam-se lindos; e em alguma vez ou outra promovem certas ressacas, certas tempestades por suas intrigas.”