Criança

Ao lado do corpo, a polícia encontrou um papel:

“Viva a vida das crianças que brincam sem saber das lágrimas que provocam.”

Havia um PS:

“... brincam com a nossa vida.”

E lá estava o corpo.

Mal sabia que ele próprio brincara com a vida.

Ele mesmo provocou lágrimas.

Quando a criança ficou sabendo, chorou.

Chorou muito.

Deixou para sempre de suas atitudes pueris.

Jamais voltou a sorrir.

A criança sentiu a perda da sua metade.

(do brinquedo?)

Lá se foram, poeta e marinheiro, navegando pelo mar calmo...

Ambos tristes...

- Que falta? - pergunta o marinheiro.

- A criança... - responde o poeta.