Lágrimas e chuva
Estava chovendo muito. De tarde, apoiada na janela de sua sala, ela chorava junto com a chuva. Em seu jardim, as rosas regadas de orvalho, escondidas nas folhas grandes das plantas pequenas descansavam seus olhos vermelhos, cansados de tanto chorar. O seu olhar buscava amenizar a dor da saudade. Umidecia os lábios com a língua e logo, mais lágrimas escorriam pela sua face branquinha. Com as mãos um pouco trêmulas, as unhas pintadas de vermelho iam abrindo pelo rosto, caminhos secos de lágrimas. O céu nublado, cinza claro, alongava as horas. Tristes horas. Ela só pensava nos dias que demorariam a passar. Mais um, mais um, como este longo dia... triste! Começou a escurecer. A chuva não passava e ela cada vez mais tensa. Já não mais via as rosas no jardim. Cansada, fechou a janela e foi para o seu quarto. Deitou-se na cama, fechou os olhos. Mais uma lágrima escorria lentamente pela lateral dos olhos, morrendo no ouvido. Dentro de si, ela ouvia as respirações ofegantes, sentia o calor dos corpos, o sabor dos beijos... Amando?! Sim, ela está amando alguém distante!