Mas ainda há a hipótese de horizontes tangíveis

apesar do inquietante resfolegar das horas.

Há o silêncio nutriente a aclarar os obscuros vãos do

pensamento daqueles que buscam uma fagulha de sabedoria.

Há o fluir das águas límpidas que nos navegam dentro e

você pode chamar isso de voz divina.

Há um ínfimo de segundo onde caberiam todos os

mistérios da vida. E todos os risos também.

Há o percorrer dos espinhosos caminhos em busca da

revelação do nosso íntimo Graal.

Há a eloquência dos fatos enganosos que precisamos

avaliar minuciosamente antes de cada movimento.

Há o poder imperioso da vida a ecoar em vibratto nas

rubras e líquidas vias que nos percorrem e alimentam.

Há a percepção involuntária e inexplicável daquilo

que nos é absolutamente necessário.

Há uma profunda certeza que insistimos em não admitir,

imaginando que isso nos tornará vulneráveis à dor,

mas isso é uma ponte que nos levará a uma existência

de previsível mornidão, e isso sim devemos temer.

Há aquilo que devemos confessar humildes e sinceros

como crianças antes que se esgotem em nós todos os sons.

Há ainda as virtudes legítimas dos sentidos, que nos

reclamam no foro das insônias e protestam pelo não

exercício de nossos mais densos desejos.

Mas ainda há o Amor, infalível oráculo, esse ...

Claudia Gadini

04.02.06