[Ensaio sobre a Feiúra]

Pobre, feio, ignorante por demais,

bobo daqueles de jacá-na-bunda,

mestre na arte de chutar as canelas da Sorte,

e o pior: preso, mordendo na corrente!

Decididamente, olhar no espelho

é uma virtude — pelo menos essa! —

de um homem sem nenhum talento,

que, de feio que é, já parte perdendo...

Sim, pois a feiura é o primeiro problema,

é o atraso de vida maior do sem-talento,

sujeito como eu, que nem sabe, até hoje,

p’ra que veio... qual a serventia de existir!

Para correr o mundo aberto em copas,

dado me foi bastante corda,

e eu corri, corri sem jamais saber

onde estava presa a outra ponta...

[Penas do Desterro, 20 de setembro de 2008]