Ah! Meu Cumpadre
I X
Nóis que vive da labuta, E disparou o meu peito
Qui a nossa vida é só luta, batendo forte d’ um jeito
Brigando inté cum que invurta, mais tudo isso foi feito
só pensando in trabaiá. pur esse meu coração.
II XI
Te digo cum toda certeza, E se te conto isso agora,
Que a luta num é moleza, é pra pô essa dô pra fora,
E as vez inté dá tristeza, pois penso em i imbora,
Que chega o zoi lagrejá. Botá nas istrada os pé.
III XII
E pra piorá a vida, É qui passo as noite acordado,
O tempo todo na lida, Me virando pra todo lado,
Fui na cidade, dá u’a saída, cum o pensamento vortado,
Pro mode de passeá. Pur causa d´aquela muié.
IV
Passei na mulinha a sela,
E a perna pro riba dela,
Abri u’as seis cancela,
Até que cheguei pro lá.
V
Oiava tudo dereito,
E ti digo com todo respeito
Fiquei foi muito sem jeito
No mei daqueles Dotô.
VI
Pode oferecê o que quisé,
Mas morá nu’a cidade inté,
Só si fosse por u’a muié,
Qui aí num tem jeito. Eu vô.
VII
Ispia o que acunteceu
Cum cabra assim que nem eu,
Que nem de onça correu,
Condo botei o zói nu’a fror.
VIII
Foi um negoço istranho,
Que só acuntece in sonho,
Um arripio medonho,
Que arguns chama de amor.
IX
Fiquei de todo pirdido,
Sintindo que o acunticido,
Foi coisa do disvalido,
Mais cunhicido pur cão.