Ah! Meu Cumpadre

I X

Nóis que vive da labuta, E disparou o meu peito

Qui a nossa vida é só luta, batendo forte d’ um jeito

Brigando inté cum que invurta, mais tudo isso foi feito

só pensando in trabaiá. pur esse meu coração.

II XI

Te digo cum toda certeza, E se te conto isso agora,

Que a luta num é moleza, é pra pô essa dô pra fora,

E as vez inté dá tristeza, pois penso em i imbora,

Que chega o zoi lagrejá. Botá nas istrada os pé.

III XII

E pra piorá a vida, É qui passo as noite acordado,

O tempo todo na lida, Me virando pra todo lado,

Fui na cidade, dá u’a saída, cum o pensamento vortado,

Pro mode de passeá. Pur causa d´aquela muié.

IV

Passei na mulinha a sela,

E a perna pro riba dela,

Abri u’as seis cancela,

Até que cheguei pro lá.

V

Oiava tudo dereito,

E ti digo com todo respeito

Fiquei foi muito sem jeito

No mei daqueles Dotô.

VI

Pode oferecê o que quisé,

Mas morá nu’a cidade inté,

Só si fosse por u’a muié,

Qui aí num tem jeito. Eu vô.

VII

Ispia o que acunteceu

Cum cabra assim que nem eu,

Que nem de onça correu,

Condo botei o zói nu’a fror.

VIII

Foi um negoço istranho,

Que só acuntece in sonho,

Um arripio medonho,

Que arguns chama de amor.

IX

Fiquei de todo pirdido,

Sintindo que o acunticido,

Foi coisa do disvalido,

Mais cunhicido pur cão.

Lannes Almeida
Enviado por Lannes Almeida em 18/09/2008
Reeditado em 04/02/2011
Código do texto: T1183996
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.