HUMOR PRA SE ANDAR NO MUNDO

(para a Carla, de raiz austríaca, sorridente companheira de viagem)

Branquela, amadinha!

Anotei tudo pra não te perder no fundo do coração, porque este já está tão furadinho que nem “saco de estopa no galpão”. Bem, tu que és do interior, já sabes que é difícil de costurar. Mas tem jeito pra tudo.

Também fiquei com os pés doendo de tanto caminhar no barro das vivências. Mas foi só tirar as botas e tudo se ajeitou.

Até o “gigante das Sete Léguas”, dos corrupios nas invernias de infância, virou bota de cano alto de bom custo no mercado, material pra burguês. Até que deu certo comigo. Parece que sabiam que eu ia rolar mundo, gastar o calçado. As alpargatas de verão não iriam agüentar...

Ficou a memória do bem feito, do bem dito e aquela sugestão na hora da despretensiosa dança: os cuidados de pôr e tirar o pezinho aqui e ali, sem descuidar a mão na cintura...

À memória do havido, fizeste a noite pleníssima de alegria, gostosa pra se andar no mundo.

Grato, mais uma vez, pelos acessos em minhas garatujas, estripulias e rabiscos em prosa e versos, no Recanto das Letras. Tua presença me estimula à produção de novas abordagens mais descontraídas. Tudo sem perder o norte dos ventos e o tique-taque do relógio de viver.

Por certo continuaremos dando algumas gargalhadas, risos, risotas, suspiros, respiros, fungadas, tudo o que representar confraternidade e convivência.

Acho que, acaso nos continuemos a doer os pés, em breve tu estarás personagem nos meus textinhos... Trabalho, por condenação, com esta matéria: o conviver, o andejar no mundo.

Setembro... Pobre da minha asma com este clima tão úmido. Aliás, pobre dos pulmões quando a dona bronquite chega com o seu chorinho de gata...

– Do livro EU MENINO GRANDE, 2006 / 2008.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/1181711