O REENCONTRO
De olhos cerrados eu percebo no silêncio, os ruídos internos dos meus pensamentos.
É perceptível, bem audível também o som da minha respiração que navega sem pressa.
O pulsar do meu coração tem um ritmo inconstante, ousado, audacioso.
Às vezes é lento, às vezes acelerado como se sufocasse uma ânsia ou um lamento.
Mergulho no meu íntimo. Procuro o meu Eu.
O encontro adormecido.
Vou tentando desperta-lo, o toco de leve, cantarolo uma melodia, faço um carinho... Não há respostas... Desespero-me.
Sacolejo, grito, sopro forte, ordeno... Ele não reage, está submergido.
Meu subconsciente mergulha calmamente e vai resgatá-lo.
O traz a ‘superfície’, tenta reanimá-lo usando todos os artifícios.
Canta aquela canção de ninar... Mas, não há respostas, usa então outro estímulo. Começa a recitar aquela poesia infantil decorada aos sete anos de idade.
“ Era um ovinho dourado
Que um dia foi enterrado
Sua casquinha rompeu
Mas não pensem que ele morreu ”...
Aos poucos, lenta [mente] vai re [tomando] a sua consciência passa a limpo o passado, filtra o que de fato será aproveitado.
Anima-se, se aninha e continua a declamar.
...” Só que em vez de um pintainho
Surgiu um broto verdinho...
Que em planta se transformou ...”
Agora o meu EU se encontrou...
Ele está sorrindo.