Cor de Prata
Domingo,
madrugada
de setembro...
Vejo a água do rio,
de cor prata singular,
resplandecente
como o início da vida,
com seus contornos
de linhas de cinza-fosco,
ondas lisas,
sonhos sem ondulações.
A lua, de beleza indizível,
acompanhando o sono dos citadinos
assim como dos que vivem no campo;
dos honestos e dos prisioneiros...
Para todos a mesma natureza.
O céu, de um azul-petróleo,
profundo e infinito,
guardando segredos de eternidade
jamais recordados.
Antecipando-se a tudo,
vejo a vegetação vária...
Pinheiros escuros com que se
sela a morte e as recordações;
árvores nuas contra o céu intenso,
simbolizando a renovação da espécie;
um abacateiro,
que alcança o quinto andar,
em seu tom verde claro
abrindo as cores da vegetação.
Logo os bem-te-vis voltarão
para saudar a manhã que vai chegar,
com seu canto alto, sem qualquer cansaço
de um pôr-do-sol entoado há poucas horas.
Fecho a janela a tempo de despertar.
Trova ao Guaíba por
Celina Figueiredo:
Guaíba dos sonhos meus
Guaíba espelho da lua
Reflete nos olhos teus
A imagem pálida e nua