Seres sociais
Quando é preciso dar uma medida
Da dor,
de uma ferida,
do sofrimento de uma vida
Do compromisso da lida
Do tamanho de alguma tragédia por qualquer razão impingida
Lançamos mão da quantidade de pessoas
Nas ocorrências envolvidas
...É coerente, aceito, pertinente,
questão resolvida
Entendemos então ser por maioria,
como em democrática votação,
que benefício ou ação à maior parte deve ser
inexoravelmente dirigida.
Por que então, na ocasião em que isto ocorre
levantamos hipóteses, teses, certezas, paixões, catequeses...
que há uma minoria no processo injustamente subtraída?
Coitada!
Sempre conduziu tão habilmente sua efetivação na condução das vidas
Controlou, distribuiu nas quantidades mínimas
que não matasse, mas condicionasse as populações produtivas
Sempre aspirou ao Olympus reluzentes comitivas
Fez sonhar tanto aspirante a desposar tão linda diva
Como agora, destoante, dissonante, imperativa
vem uma horda horripilante reivindicando dividas?
Que dividas?
Que débitos uma inocente classe pode ter com essa gente desvalida?
Que líder estranho e trapaceiro surpreendentemente arteiro
vem fazer nessa corrida?
Como aprendeu essas manhas a tanto tempo escondidas
para usá-las tão tacanho contra a ordem estabelecida?
Que mundo é esse, meu Deus!
Em que mexem em nossas vidas
Não seria uma versão do fim dos tempos do apocalipse extraída?
Mas manteremos no peito sem nunca ser digerida
a confiança na gente de entranhas retorcidas
que sustentará a graça que a nós foi auferida
com o endosso do bom senso da mídia comprometida
a uma causa que a gente separa,
com habilidade rara,
de toda filosofia academicamente adquirida.