CEGUEIRA
Olhei para a mulher...
seu olhar transmitia uma serenidade tal, que acalmava o coração, de quem para ela olhava. Fiquei detida, parada,a prestar atenção,na sua figura a beira mar...
Os seus cabelos ao vento, e as suas vestes de tecido fino,a esvoaçar, como que a acenar para o infinito, um longo e delicado adeus...
Assim,estavam seus pensamentos... Envoltos em lembranças de dias vividos. Doces lembranças... Que lá,no passado ficaram, e, que por momentos fluíam como que do nada... Marejando seus lindos olhos d'água.
Tinha um riso calmo no rosto,a desenhar seu lábios.
Era o riso de quem já acostumou com a dor. Como que, uma ferida sarada... Cuja cicatriz se faz presente: vemos, tocamos... mas, já não dói. Só a marca ficou!
A serenidade existente,no rosto daquela mulher, deixava-me serena...
Uma grande paz emanava, daquela figura pequena...
Em silêncio aspirava o ar,deleitando-se em recebê-lo... Como se fosse a carícia de quem ela desejava...
De olhos claros, belos olhos, olhava para o infinito...
De repente, percebi , que ela via com os olhos da alma.
Apesar de lindos e límpidos, os seus olhos não podiam enxergar, porque a cegueira matou, a vida do seu olhar!