PRENÚNCIO DE CHUVAS...

temporal prenunciado

os varais tresloucados

vestes presas agitadas

urgência corre-corre

levanta pó no quintal

galinhas nos poleiros

céu encoberto cinza dia

chuva forte anunciada

mães lavadeiras afoitas

roupas ameaçando vôos

no empuxo da ventania

no pó em redemoinhos

as janelas fechadas rápidas

portas rangidas ameaçadas

assovios do minuano feroz

na agitação tudo festa

raios ervas queimadas

Santa Bárbara invocada

a água beijava o chão

ressequido rescendia

cheiro terra molhada

em bátegas chuva impiedosa

enxarcando o terreno lamas

furiosa nas paredes da casa

o lar acolhedor barricada

contra a força do sinistro

conforto e aconchego

fora as árvores vergavam

pela pressão da ventania

finda tarde noite abreviada

ninguém colocava o pé fora

quem ousaria ?

todos liberados da escola

no novo amanhecer

céu azul terra úmida

sol aquecendo e secando

hora de buscar as pipas

estilingues e bolas de gude

a brincadeira recomeçava...