Já não se fazem...
Já não se fazem rosas como antigamente,
As rosas de hoje são roses sem rosa nem perfume, são rosas pálidas e murchas.
Já não se fazem homens como antigamente,
os homens de hoje são amantes de si, idolatram o próprio eu e acabam por se esquecer da parte que forma o ser eu, ser você, o apenas ser.
Já não se fazem memórias como antigamente,
nos deparamos com tantos rostos ao longo dos dias e das noites, duas vezes em vários momentos as mesmas faces se confrontam e na memória nem vestígios ou interesse de buscar a identidade alheia, saber quem são, porque sofrem e se vão.
Já não se fazem corações como antigamente ,
outrora corações amavam corações, hoje corações se enamoram por belas feições ou contas bancarias.
Já não se fazem palavras como antigamente,
as palavras de agora são exatas, medidas, pensadas e muitas vezes nem são ditas.
Já não se fazem eus como antigamente,
o eu de hoje não se basta, não se cabe ou se entende;
Não bastasse as lutas diárias, o eu agora trava lutas com o próprio eu.
São batalhas incansáveis e quando chegam ao fim, ninguém vence,
Apenas a razão cortada à navalha reclama seu espaço de direito abnegado pelo coração que não nega, é egocêntrico, egoísta e irracional, vira e mexe mete os pés pelas mãos em paixões arrebatadoras causadas por relacionamentos banais.
E no final quase sempre chega ao fim, mas renasce, sente, ri, sofre, chora, ama, odeia, vive e como todo coração sadio, bate normal.