Já não se fazem...

Já não se fazem rosas como antigamente,

As rosas de hoje são roses sem rosa nem perfume, são rosas pálidas e murchas.

Já não se fazem homens como antigamente,

os homens de hoje são amantes de si, idolatram o próprio eu e acabam por se esquecer da parte que forma o ser eu, ser você, o apenas ser.

Já não se fazem memórias como antigamente,

nos deparamos com tantos rostos ao longo dos dias e das noites, duas vezes em vários momentos as mesmas faces se confrontam e na memória nem vestígios ou interesse de buscar a identidade alheia, saber quem são, porque sofrem e se vão.

Já não se fazem corações como antigamente ,

outrora corações amavam corações, hoje corações se enamoram por belas feições ou contas bancarias.

Já não se fazem palavras como antigamente,

as palavras de agora são exatas, medidas, pensadas e muitas vezes nem são ditas.

Já não se fazem eus como antigamente,

o eu de hoje não se basta, não se cabe ou se entende;

Não bastasse as lutas diárias, o eu agora trava lutas com o próprio eu.

São batalhas incansáveis e quando chegam ao fim, ninguém vence,

Apenas a razão cortada à navalha reclama seu espaço de direito abnegado pelo coração que não nega, é egocêntrico, egoísta e irracional, vira e mexe mete os pés pelas mãos em paixões arrebatadoras causadas por relacionamentos banais.

E no final quase sempre chega ao fim, mas renasce, sente, ri, sofre, chora, ama, odeia, vive e como todo coração sadio, bate normal.

Miss Angel
Enviado por Miss Angel em 12/09/2008
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