AMBULÂNCIA ANFÍBIA

Preferiu partir numa ambulância... Não que estivesse enfermo, mas algum tempo depois me explicou o porquê...

Escolheu a tal ambulância com certo critério... não tanto pelo combustível ou pelo estado do motor...mas agradou-lhe suas letras enormes, escritas ao contrário para serem facilmente lidas por outros retrovisores... Outra exigência era de que fosse anfíbia, pois tinha planos de passar no Leme e deslizar um tantinho pelo mar, pra reviver umas lembranças... A sirene teria que funcionar a contento, abrindo espaços e liberando caminhos... Não seria mesquinho... deixaria que um ou outro, menos afortunado na escolha do veículo, lhe aproveitasse o vácuo...

Admitiu que lhe agradava a idéia de ser alvo das atenções, mas, prudente por conta de uns tropeços e arranhões, levaria um patuá roubado há tempos porque ouviu um dia que patuás roubados são os mais protetores... Não daria caronas, nem olharia para os lados.

Tentei argumentar, talvez fosse melhor ir de ônibus... me explicou que não caberia no ônibus, incomodaria as pessoas...... Pedi que pelo menos não fosse tão afoito...dirigir uma ambulância... mas não me deu ouvidos... e partiu de sirene ligada...

Bem, um Coração (mesmo aquele que não sabe dirigir) às voltas com sua paixão não sabe mesmo o que faz...

Mas a escolha do veículo fazia todo o sentido: ele sabia que quanto mais cedo chegasse ao destino, mais cedo poderia voltar...

Belinda Tiengo
Enviado por Belinda Tiengo em 11/09/2008
Reeditado em 12/09/2008
Código do texto: T1173319
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