Mãe Yolanda
Eu que vou na varanda, conto todas as estrelas
Escolho uma e a chamo de Yolanda
Quantas lembranças!
Chegaste em nossas vidas das terras agraciadas do Piauí
Vieste da fazenda paraíso, no início era tudo difícil
Mas eu me alegrava ao lhe roubar um sorriso
Tim Maia e Agnaldo Timóteo teus artistas preferidos em faixas do velho disco
Copiando-te, eu lhe arremedo, devota de São Judas Tadeu
Também o sou na promessa que fizeste e escreveste no batistério
Dia vinte e oito de outubro é uma homenagem para mim sem mistério
É agora ou nunca, vou ao rei dos bichos, quando eu gosto é pra valer
Todas tuas frases, tuas idéias, a raiz do delta parnaíba era o cenário das tuas peripécias
Cabelos alourados em muitas mexas
Bom gosto é qualidade que se atesta, versa, como em teu guarda-roupa com lindas peças
Aquele macho-preto, café adoçado na rapadura, isto não tinha preço
Quando nasceste, cresceste, o papai do céu já tinha escolhido o teu endereço
Eu logo descobri nos teus afagos que eu recebia em meu berço
Tua pele não trazia ruga ou imperfeição que sobressaísse
Aquele sol que lhe banhava em Teresina não foi rigoroso para provocar em tua face algum deslize
Pessoa honrada com posições firmes
Qual de nós não sentiste a tua entrega, devoção ou mesmo a força do teu não?
Lembrança de pequenino, beiço em desalinho, menino franzino
Mesmo nas broncas, havia carinho
E a minha formatura festejada por ti no presente que me deste na roupa feita de linho?
Não te exasperes, caro leitor, estas linhas são fruto do amor
Na despedida tudo repousa na vida, festa incontida, nova acolhida
Reflexão se sustenta na fé, minha admiração não arreda pé
Nossa missão, família, saudade e esperança em um mesmo tripé.