Eu, meu espelho e eu de novo
A chance veio, olhei de perto, era agora ou nunca, apenas eu e ela
continuar no meu mundo pacato, moedas contadas, objetos em seu lugar, até as minhas gavetas mal remexidas
Muito irritante
Ah, tinha que tomar jeito, fazer a coisa certa, arriscar, ir atrás
aquela oportunidade, eu na marca do pênalti
O goleiro balançando pra lá e pra cá
Por que me derrubaram logo dentro da área?
Não irei querer me lamentar em conversa fiada de alguns anos que virão aquilo que não fiz, que fingi não perceber
Falcão sem asas
Sair do meu comodismo era roçar meu pescoço no fio da espada do inesperado, aquilo que eu não havia planejado ou havia, sim, desejado em meu silêncio
Muitos milênios
E se não fosse do jeito que eu tinha imaginado? Se os dados caíssem todos voltados para o número um?
Ninguém dá conselho nesta hora, no máximo, matraqueia
Ah, frio amargo na minha barriga banhada de suor: eu, minha vidinha e o desconhecido.
Triângulo que me incomodava. Eu que até me saía bem na geometria quando era adolescente.
Não era nada engraçado
Bater na trave e não entrar
E ainda essa de comparar meu drama ao futebol
Não tem nada tão fora de moda do que isso
Quer saber de uma coisa? Não sou mais garoto, não sou verdejante
Quero, sim, ver no que é que vai dar esta confa generalizada.
Não quero sabor de que recuei, de que me acovardei.
Afinal, já venci muitas batalhas e agora era a hora da verdade
Não tenho final da estória. Estou vivendo o epílogo. Vamo-que-vamo.