Do que há - Parte I
Parte I
É porque as palavras me escapam que eu não falo. Não consigo assimilar suas estruturas em determinadas condições de espasmo. Fico sendo silêncio. Ou por outra, durante as desconexões construo palavras que não exprimem o abismo interior. Subterfúgios da voz oca. Cada centavo exige paciência de tigre ao devorar a montanha. Abro as portas para sentir o hálito do espaço que há entre o meu dedo e o teu. Não tenho nuvem certa que me cubra o rosto e evite pesadelos de abandono. Deixar partir é a única ação possível para evitar a perda. A água evapora, aos poucos, da lata; e a maré sobe. O vento que move meus pés tem a poeira acumulada pela falta de sapatilhas. E o olho do dragão espera a volta de uma possível miragem. Não contar os dias é um método para não guardar o que invariavelmente é fluxo. Da janela é possível saltar entre os galhos.
O corpo estendido no varal está seco. E a mulher com pregadores numa bacia tem a impossível tarefa de vesti-lo.