Os gigantes

Ontem fui à Serra... Fui levada pelo doce encanto das matas...
Cada curva lembra o corpo... Desliza-se em versos... Cada mina d'água que se encontra pelo caminho.
Deparei-me com o Rio, em luzes... Pura magia em focos brilhantes, em cores divinas. Cercados por matas , cascatas, luzes e sonhos, estão os gigantes...
Eles dormem serenamente, de costas um para o outro... Parecem guardar-se de algo... Mas, na verdade, guardam o mistério que se lança à noite...
Quando a lua aparece... Recolhem-se os homens... Os gigantes acordam para observar a cidade...
Consegue-se sentir a proximidade das criaturas colossais... Um vento de leve vem chegando de mansinho... Sopra meus cabelos, como se beijassem a minha face... Os pés firmes deslocam-se devagar... E seus corpos abrem-se, num grande espreguiçar...
Parece, que chegam tão perto... Que o coração se agita... As mãos suam... E a vida se fortalece...
Com um correr de olhos apressados... Quase em desespero... Eles tentam guardar tudo o que vêem... Porque sabem que o dia, ao amanhecer, não é tão cordial assim... E os homens surgirão de seus antros... Começarão seus deveres e seus olhos ocupados demais para lembrar de gigantes...
Doces criaturas... Rodeados por matas... Cujas vestes são flores... e Suas lágrimas, cachoeiras que rolam feito pérolas em seus rostos...
Ontem, a Serra veio a mim... Com seu doce canto dos pássaros... Com cheiro, aos olhos, dos ipês amarelos em flor... Com um jeito manso da borboleta azul, que costuma ser vista, apenas, ali.
Ainda guardo o olhar de criança, que compunha a face dos gigantes acordados...


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