Eu juro!
Eu vou jurar.
Vou jurar que sabia de tudo antes mesmo que tudo existisse. E que senti tudo o que sentia antes mesmo que o sentimento surgisse. E agora, conforme persiste, não direi nunca que com ele não sei lidar.
Irei jurar que as melhores decepções da minha vida, ida, foram também as piores. E que indiferente à tudo o que sente, minha mente não soube separar o que era para entender o que era para esperar.
E conforme juro, juras puras de quem não mente, vejo que tudo na minha frente é comprido e sem final. Não cheguei, afinal, ainda à metade do caminho que gostaria de traçar.
Eu juro que meus passos são curtos e lentos de quem busca apreciar o caminho, caminhando sozinho, olhos desatentos ao todo e buscando contar os detalhes das coisas que não consegue enxergar.
E se for forçado, eu juro que não disse nada do que eu deveria dizer, que não cantei metade do que queria cantar, que não sorri tudo que deveria sorrir e que ao chorar, não chorei as lágrimas que acumulei ao aguardar.
Mas se eu mesmo, que tanto juro as juras de quem não sabe sobre o que jurar, não consigo entender onde quero chegar, tudo o que fiz e o que ainda vou fazer, tudo o que magoei, e errei, e desisti, jamais poderei cobrar que você entenda, perdoe, acerte, persista.
Mas juro que, no final, manterei-me fiel as palavras que disse com o peito, soluçando daquele jeito indecente, que mesmo soando demente, sua alma teme adorar.
E ao amor. E à dor.
Eu juro.