Deixe-a em paz
Poesia on line. Mote de 18.08.2008 proposto por Eritania Brunoro:
A Alma
"Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo."
(Fernando Pessoa)
Deixe-a em paz
Maria Quitéria
Te dei o meu corpo aberto e lasso, te dei todas as canções, fúrias, ventanias, o temporal mais crasso, num misto de loas e tesões. Te dei a chuva da euforia em toda a minha festa, um muito de alegria, minha janela em aberta fresta. Te dei poentes e madrugadas, um amor rasgado no peito, coisas dantes nunca faladas e a devassidão do meu jeito. Te dei todas as palavras do meu verso em sentimento, dei-te todas as minhas lavras e o meu melhor momento.
Tudo ofertei ao teu uso nas tantas que fui e, na colheita da tua vinha, fui pisada na prosa e no vil silêncio do depois; ferida de morte pela tua palma, traída, humilhada pelo teu abandono e abuso.
Mas restou-me a alma, de que dono não sois. A alma... Essa não, essa não foi tocada, essa é minha.
Sampa, 18.08.2008 18:10 hs
http://versosprofanos.blogspot.com/
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