SUPERFÍCIE

Subir à superfície. Pensei.

Subir ali, mãos abertas como folhas em rama, antecedendo o mutilado corpo.

Forno de fusão nuclear no peito. Ainda. Ainda...

Subir à superfície onde navegam os barcos.

Onde cantam as sereias.

Onde o calor do Sol reflete espuma e contornos baloiçantes de azuis e nácares.

Não descer mais. Não chegar à terra afundida, surda, onde repousam as naus antigas e há sargaços com raízes. Prosseguir a evolução das harmonias leves, deixar-se embalar pela vertigem do ritmo emergente, tratar de conviver com viver sem viver com

tratar de beber a água toda

até ficar, úmida epiderme

satisfeita