Perdoem- me
Perdoem- me!
São imensamente gentis
os comentários
sobre estas minhas singelas linhas,
que muitas vezes cheguei a pensar
que o dom da escrita fluía
de minhas mãos!
Mas, estes versos sem técnica,
pobres em rustiquez,
são apenas trapos de uma alma
que se rasga...
Se despe em público...
Torna- se nua!
Perdoem- me!
Sempre leio vossos textos...
Mas, o que poderia eu acrescentar,
ou até mesmo comentar,
sendo possuidora de tamanha ignorância?
Não posso compreender
a dimensão de vossas palavras
tamanha é a minha imperícia!
Entre palavras bonitas,
assuntos agradáveis,
emoções familiares,
Muito em comum e sobre nada
disso tenho a dizer.
Mais uma vez, perdoem- me!
Me aventurei na arte de escrever...
Ridicularizei as grandes obras
criando essa minha pretensão!
É preciso mais que ágeis mãos,
é preciso muito mais que a intimidade
com a pena e o papel...
É preciso um coração transbordando,
uma alma repleta,
e uma mente submersa em conhecimento!
Perdoem- me...
Ignorante sou...
Se alguma sabedoria possuo,
ela vem dos anos de vida
tão vividos
que são verdades que servem
apenas para mim mesma!
Como poderia eu falar de um universo interior
se ninguém nunca o viu?
Qual linguagem poderia usar para expressar
as coisas que não se podem ver?
Como contar -lhes as visões do além,
ou detalhar- lhes como dói a dor,
se não pegar os fragmentos ao nosso redor
e criar uma representação?
Perdoem -me...
Mas, compreendem quando desse modo descrevo
nossos tormentos?
Se de outro modo compreenderiam?
Perdoem -me porque sinto -me frustrada,
incompreendida
em minhas palavras!
Eu tentei!
Tentei mostrar -lhes o poder das palavras!
Tentei leva -los muito além da epiderme!
Não desejei provar minha capacidade,
ou meu grau de intectualidade,
ou se domino todas as regras...
Tentei faze -los sentir!
Oculto em um som, existe uma nota!
Atrás de um rosto, uma alma!
Esconde -se em um ato, um gesto!
E atrás de uma palavra,
um fragmento de uma sensação inexplicável!
Perdoem -me!
Se causei a falsa impressão de ser poeta!
Não, não o sou!
Sou uma alma livre...
Intensa...
Espontânea!
Que tenta através das palavras levar o toque,
o brilho do olhar,
as emoções adormecidas!
Para quem sabe se redescobrir,
ou vos revelar a si mesmos!
Presunção utópica...
De quem sabe libertar o pensamento,
sonhos em forma de realidade,
reviver o que foi perdido!
Alma Nua, São Paulo,30 de Agosto de 2008, 02:02