Há Tempo Para Tudo
Houve um tempo em que eu tinha tanto medo de falar em público, de expor minhas idéias, de mostrar-me por inteira, de opinar, de me deixar abraçar. Eu era tão tímida, tremia só de pensar que alguém pudesse me perguntar alguma coisa. As aulas de Português e de Literatura provocavam um pavor, pois muitas vezes tínhamos que interpretar os textos em voz alta, na frente dos colegas de turma.
Houve um tempo de medos, muitos medos, e um deles era do escuro total, do escuro das noites em que, deitada na cama, não conseguia ver nada à minha frente. Ah, era terrível!!!
Houve um tempo muito mais ameno, tempo de bonecas, de brincadeiras no quintal, de aventuras em casinhas, em cima de bicicletas e de árvores, um tempo bom que não volta mais!!
E houve um tempo em que comecei a abandonar a timidez. Isso aconteceu quando entrei para um grupo de teatro, momento em que comecei a entender que ninguém é melhor do que ninguém, que todos nós podemos falar, transmitir nossas idéias, nossos pontos de vista. E nesse mesmo período, as aulas de Literatura já eram uma gostosura, queria sempre interpretar os lindos textos que os professores apresentavam em sala de aula!
Tempos disso, tempos daquilo. Ah, grandes e inesquecíveis tempos!!! O importante é estar vivo para poder contar aos filhos, aos netos e quem sabe aos bisnetos, tudo o que aconteceu de criativo, de bom, de interessante e de arriscado em nossas vidas!!!
Gláucia Ribeiro (30/8/2008)