SEGUE-SE O CORTEJO
Segue-se o cortejo, o porvir do desejo
Siglas, emblemas, partidos e um tema
Manipulado é quem não teima
Um ideal, um motivo, um luto
A liberdade devia ser um surto
As caras dos covardes de susto,
Na praça as estatuas e seus bustos,
Os heróis das crianças, contas e finanças
Adultos, as sombras e seus vultos,
A dor da batalha, a lamina da navalha,
A cara do canalha.
As propagandas se propagam na televisão,
A nação sem visão,
Voto em troca de tostão,
Migalhas na mão.
O corpo fechado, as portas abertas
Os mercados e suas ofertas,
A passeata, o comício, o vicio
Hebreus, fariseus e fenícios,
A civilização e seus inícios.
O que falta a todos os povos são os princípios,
O milagre, a barriga vazia, o arroto de satisfação
Em cada esquina uma facção
Cidadão do bem sem ação.
Aproveite a liquidação e ponha sua arma na mão.
Pegue sua bandeira e levante o mastro,
Siga o rastro de um astro,
O sangue na veia, insetos na teia
Os leões e suas ceias,
Coitado dos pobres,
Bate continência aos nobres
Segue - se o cortejo,
Com seus carros iluminados e barulhentos
Sem idéias e fundamentos,
Candidatos aos novos atos
Porcos, cobras e ratos.
A falta de estrutura, a contra cultura
A incapacidade futura,
Despeje a merda no tanque, depois suba no palanque
Iluda o povo e se arranque,
Segue-se o cortejo...