SEGUE-SE O CORTEJO

Segue-se o cortejo, o porvir do desejo

Siglas, emblemas, partidos e um tema

Manipulado é quem não teima

Um ideal, um motivo, um luto

A liberdade devia ser um surto

As caras dos covardes de susto,

Na praça as estatuas e seus bustos,

Os heróis das crianças, contas e finanças

Adultos, as sombras e seus vultos,

A dor da batalha, a lamina da navalha,

A cara do canalha.

As propagandas se propagam na televisão,

A nação sem visão,

Voto em troca de tostão,

Migalhas na mão.

O corpo fechado, as portas abertas

Os mercados e suas ofertas,

A passeata, o comício, o vicio

Hebreus, fariseus e fenícios,

A civilização e seus inícios.

O que falta a todos os povos são os princípios,

O milagre, a barriga vazia, o arroto de satisfação

Em cada esquina uma facção

Cidadão do bem sem ação.

Aproveite a liquidação e ponha sua arma na mão.

Pegue sua bandeira e levante o mastro,

Siga o rastro de um astro,

O sangue na veia, insetos na teia

Os leões e suas ceias,

Coitado dos pobres,

Bate continência aos nobres

Segue - se o cortejo,

Com seus carros iluminados e barulhentos

Sem idéias e fundamentos,

Candidatos aos novos atos

Porcos, cobras e ratos.

A falta de estrutura, a contra cultura

A incapacidade futura,

Despeje a merda no tanque, depois suba no palanque

Iluda o povo e se arranque,

Segue-se o cortejo...

Rommyr Fonttoura
Enviado por Rommyr Fonttoura em 29/08/2008
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