O diário proibido de Jasmim
Tomo coragem chegando ao final do meu limite. Em meu rosto se expressam as marcas do tempo o qual não foi gentil comigo, meus cabelos brancos mostram-me que já não tenho por onde fugir deste medo, do inesperado, do desconhecido, das palavras escrita por ela, ao longo de tal bela vida interrompida inocentemente. Fui convocado ao veredicto, sabiam que te amava, era visível nos olhos do inquisidor.
Oh, amada minha! Como pude olhar teu corpo em chamas na fogueira das bruxas? Apenas olhar, lamentar, vê que desprezível amante sou, neguei que a amava, que te cobiçava, com medo da heresia, da excomunhão. Mesmo sendo considerado um grande erudito, pensador, filósofo. Vejo-me hoje como errôneo por não tê-la salvo, ou partido ao teu lado. Nunca esqueci dos sentimentos, das sensações em meu corpo ao tê-la em meus braços.
Desde o primeiro dia em que a olhei, sonho todas as noites com teu belo rosto de beleza efervescente, terminando em um pesadelo de culpa. Estou impulsionado por ti outra vez, aqui, ajoelhado ao chão da sala da biblioteca proibida, onde folhearei as páginas de teu diário, onde deixais os teus segredos.
Em meio às primeiras páginas, encontro-me com lágrimas minhas a cair no chão. Pois, na capa, encontra-se escrito uma frase dedicada a minha pessoa: “aquilo que tu estás prestes a fazer com teus pensamentos e teus conhecimentos, és aquilo que não és, és o que sou uma revelação para tua vida”. Leio e vejo que me amava, com todo o calor do teu coração, amor misto com ódio de ver meus olhos fechados para o mundo real, com compaixão e serenidade.
Não tenho forças para continuar a ler teu diário, Jasmim, nem ao menos consigo alcançar as páginas de tua vida, distantes de mim, após minha queda. Estou deitado, visão tremula, névoa, e é aqui que faço a minha última descoberta. Sei como meus irmãos morreram. Pois os livros proibidos estão envenenados.
Ironia está aqui, caído no chão, sem forças, onde o perfume do diário de Jasmim termina de tomar minha vida. Assim como deixei que tomassem a vida dela.
Perdoe-me, Jasmim...
Desculpas!?