Andando na corda bamba

Andando na corda bamba,

Camuflado pelo destino

Longe dos desatinos

Respiro um ar diferente,

Sou mais forte que o ausente.

Resistente como o marfim do dente,

Sem eiras, mas com beiras

Como um telhado que respira a chuva,

O processo da vida turva,

Como quem suga o néctar maduro da uva.

Há passos lá fora, no alpendre que te prende

E não te faz viver o outro lado.

Só quem já foi, compreende

A criatura odiada, o ser amado.

Andando na corda bamba,

Fantasiado de um guerreiro voraz

Perseverante e capaz.

Triturando a incapacidade

Nas mandíbulas da autenticidade

Ligada na tomada da autêntica cidade.

Os olhos abertos, o avesso

Até no inverso se tem versos

A cria das letras faz um dialogo mais espesso.

O choro derramado, o leite sugado

O tempo transformado

Quando se vive pelo alpendre

A vida passa e não surpreende

Sai lá fora, remova, mova-se

Não desande, ande

Nem que seja na corda bamba.

Rommyr Fonttoura
Enviado por Rommyr Fonttoura em 24/08/2008
Reeditado em 29/10/2008
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