Andando na corda bamba
Andando na corda bamba,
Camuflado pelo destino
Longe dos desatinos
Respiro um ar diferente,
Sou mais forte que o ausente.
Resistente como o marfim do dente,
Sem eiras, mas com beiras
Como um telhado que respira a chuva,
O processo da vida turva,
Como quem suga o néctar maduro da uva.
Há passos lá fora, no alpendre que te prende
E não te faz viver o outro lado.
Só quem já foi, compreende
A criatura odiada, o ser amado.
Andando na corda bamba,
Fantasiado de um guerreiro voraz
Perseverante e capaz.
Triturando a incapacidade
Nas mandíbulas da autenticidade
Ligada na tomada da autêntica cidade.
Os olhos abertos, o avesso
Até no inverso se tem versos
A cria das letras faz um dialogo mais espesso.
O choro derramado, o leite sugado
O tempo transformado
Quando se vive pelo alpendre
A vida passa e não surpreende
Sai lá fora, remova, mova-se
Não desande, ande
Nem que seja na corda bamba.