Menina

Menina morena, pequena, magrela, óculos enormes em rostinho pequenino, caminha sozinha em direção à escola. Blusinha branca, saia azul marinho, muito bem passada a ferro quente.

O sol ainda não lhe incomoda, a pequenina caminha calmamente, mochila pesada nas costas, também não lhe é incômodo.

Sonha em ser grande, ter os cabelos compridos como os da irmã mais velha, as unhas bem feitas como as da mãe e o belo sorriso da madrinha.

Quer crescer para não ter mais medo de insetos, poder andar de bicicleta sem rodinhas, pular elástico preso nos ombros das amigas, pintar as unhas de vermelho, usar batom carmim, encher os dedos de anéis pesados, chegar em casa depois das seis, namorar e casar com o Fábio Jr., ...

Belos e inocentes, os anseios da menina, os quais a vida tratará de desfazê-los a cada dia, e lhe trará outros tantos, não tão inocentes, talvez nem tão belos, lhe causarão furor, ou lhe trarão descontentamento.

Menina, vai sorrir, buscar novos desafios.

Mulher, vai chorar, vai sofrer, vai fazer chorar e fazer sofrer.

E ao sorrir, trará o sorriso para os olhos de outrem, que, apaixonado, num amor de doação, com seus belos olhos verdes e enorme coração, abrirá os seus braços e oferecerá o seu terno e seguro colo, para a menina descansar.

Catia Schneider
Enviado por Catia Schneider em 20/02/2006
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