Tamanco Português
Hoje comprei um tamanco,
Daqueles de Potuguês,
Tive saudade do seu Manoel,
Que encerava a casa da vovó,
Em nossas férias no Rio,
E juntos à ele,
Com nossos tamanquinhos,
Andávamos pela casa,
Fazendo aquele barulhinho.
Pedíamos um paninho à vovó,
E tudo o que ele fazia,
Aprendíamos a fazer,
Até que seu filho,
O Pingo, veio também aprender,
Aí...a paixonite reinou,
E eu de tamanco,
Não queria mais aparecer...
Seu Manoel intrigado,
Sem dar conta do fato,
Triste e magoado,
Queria do tamanco saber.
Hoje eu me lembro,
Que amontoado no quarto,
todo coberto de entulhos,
Deixei o tamanco esquecido,
Junto ao patinete vermelho.
Pingo ia todo dia,
Seus olhos verdes encantavam,
Enquanto as vidraças limpava,
Eu olhava enfeitiçada,
Aquele português de tamancos.
Vejo agora em meus pés,
O tamanco da infância,
Corro pego o pano,
Faço a faxina da casa,
Nem noto que no cantinho
Bem solitária uma lágrima pinga...
É saudade do Pingo e de seu Manoel,
Da vovó,e da vila,
Ibituruna é a rua,
De sonhos e lembranças
Que no Rio eu ainda tenho.
Vazio está o quarto de entulhos,
O piso foi trocado,
Hoje é frio e triste,
Sem tamanco,
Sem vovó,
Sem toc-toc,barulhinho do tamanco,
Sem Pingo,
Sem "seu Manoel".