A FOTO
A foto
De que me adianta dizer que o amo se você não me escuta?
É inútil.
Sinto-me alucinada, desvairada quando o quero, desejo-lhe, e tenho que me limitar apenas em ver o seu rosto num papel frio, distante em que palavras, olhares, carinhos de nada adiantam. Tudo que diga, que faça é em vão é mera ilusão.
Tenho rancor de mim mesma quando desolada, pego o seu retrato e começo a falar baixinho. Depois...depois os meus olhos vidrados pela decepção fitam os seus inertes, seus lábios incapazes de pronunciar uma só palavra.
Mas, a minha ilusão reside num campo muito amplo.
Vou flutuando pelos ares. Tudo certo tudo belo. Você comigo, eu com você nos amando.
No meu devaneio esbarro, caio, acordo, assusto-me.
Levanto e insisto na viagem maravilhosa.
Encontro-o sorridente, a me oferecer o amor que necessito.
Lá você é real.
Mas você se foi!
Volto.
Num canto do meu quarto, prostro-me.
A meu redor cada lembrança sua é colocada, acompanhada de um badalar bem forte do meu coração.
Pego a sua foto. Olho até sua imagem ficar nublada, até não enxergá-la mais e vê-la derramar todinha desfeita, sobre as minhas faces.
Os nossos encontros terminam assim.