QUESTIONAMENTO

Todos os dias eu me questiono...

Ultimamente esta tem sido uma atividade costumeira. O que vale tão a pena então? O que se pode concluir? Onde poderemos chegar depois de tanto questionar. Teremos alguma resposta? Todas as questões pendentes serão resolvidas? É um vazio tão grande. Parece ter retornado depois de tanto tempo ausente e creio que é a sua ausência que causa a sensação estranha que sentimos, como alguém que aparece depois de muito tempo trazendo consigo uma enorme gama de sentimentos desconexos, mas tão familiares.

E o que ele deve pensar?

Enquanto ele dorme, eu o observo. Esse homem é o responsável pela minha tão infeliz felicidade, ou será mesmo por minha feliz infelicidade? Trocadilhos perversos. Muitas vezes tenho vontade de nunca tê-lo conhecido. Ele já foi o precursor de tantas lamentações e afirmo que se me fosse concedida a oportunidade de voltar no tempo, eu jamais o teria por meu namorado. Com ele consegui ferir minha própria integridade e machuquei muitos valores importantes, sem falar nos amigos. E, às vezes, com sua selvageria, ele me demonstra que eu agi mal o escolhendo nesta empreitada.

E o que faço?

Devo-me questionar. Mas não consigo voltar atrás. Sinto-me ligado, conectado a ele com elos invisíveis e fortes. Por muitas vezes eu mesmo tentei quebrá-los, mas não consigo. Tenho medo de que o sacrifício não valha a pena, pois tenho vivido da vaga ilusão de que ele é valoroso e que não tinha outra alternativa senão aceitá-lo. Mas tinha outras sim... eu bem sei, mas não entendo como não pude vislumbrá-las. A compunção me corrói, mas ela chegou muito tarde. Não há como voltar, não tenho como retornar ao ponto de partida. E não quero machucá-lo. Ele é nobre e seus sentimentos são austeros e brilhantes. Não se fazem mais cavalheiros desta estirpe. Infelizmente ele é tão insípido, tão inexperiente e de tamanha volubilidade que fere seus próprios padrões e insulta inconscientemente suas convicções.

Louco...

O coração é um louco. Não devo escutá-lo ademais, pois todas as vezes que o fiz, arrependi-me do feito. Por enquanto não tenho caminhos para traçar e nem lugares para ir. Devo ficar e me resignar. Sinto uma tristeza, como um sufocamento, uma sensação vaga e grandiosa. Por que ele faz isso comigo? E por que eu devo não me importar? Será mesmo que era isso que eu queria para mim? Ele era a pessoa por quem eu procurava? É complicado responder as perguntas quando você já possui respostas tão evidentes. Muitas vezes sinto que ele não é a pessoa certa para mim, mas tenho medo de terminar tudo. Como farei se estiver errado? Não há espaço para equívocos.

E quando eu o olho dormindo...

Ele nem sabe dos sentimentos que trago em meu coração. Ele não compreende. É inflexível, intransigente e enfadonho. Mas, ao mesmo tempo, consegue ser tão único, tão próprio e pertinente. Ao mesmo instante que parece ser o mais indelicado, consegue ser o mais gentil. Não se pode passar um dia sem tê-lo odiado e amado. Esta é uma característica muito sua. Não sei como sua mente funciona, no entanto sinto-o muitas vezes inadequado e por demais púbere. Mas não me cogito pensar. Não adiantará. Outro dia começará, trazendo consigo outro recomeço. Quem sabe ele não volte a ser o galante homem do início deste conto de fadas? Ah, que bom! A dádiva da pergunta é algo bem melhor do que a da dúvida. E na busca pela resposta desta última pergunta, quem sabe eu não o encontre... o deleitoso cavalheiro que tão sutilmente me seduziu, me amou e me desejou, a ponto de me fazer ir contra amizades costumadas, valores inabaláveis e sentimentos incorruptíveis. Eu sei que o deixei no início desta jornada e infelizmente apartei minha mão da sua. Eu tenho que encontrá-lo e sei que o verei um dia. Ele está adormecido dentro do homem a quem amo, mas eu hei de despertá-lo e mais uma vez teremos a oportunidade de viver “felizes para sempre”.

Luciano Teixeira
Enviado por Luciano Teixeira em 22/08/2008
Código do texto: T1140365
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