PELO FILHO DO MINEIRO
Ainda vencendo a noite
Logo que o galo canta
É onde começa a história
Poema que o mundo nos conta
Rumo ao leito do quarto
Onde repousa a criança
Já se despede em silêncio
E vai tecer sua herança
- Desbravadores!
Já apressado à porta
Lasca, do pão, um pedaço
E quando ainda anoitinha
Vai pegar o sol a laço.
Em deleitosa manhã
Revigora a sua alma
Repousa o corpo em sereno
E segue andando na calma.
- Noutro instante!
Ao passo que se anuvia
Resta a sutil lamparina
A imergir o mineiro
No crepúsculo da mina
O suor corre ao peito
Qual medalha, um signo!
Desse pobre empoeirado
Do ser humano, o mais digno!
Quando oculta o cansaço
Num sorriso divino
Foge puro um olhar
Qual de um grande menino.
Há tesouros que o mundo guarda
Nem todos saem das minas.
Na vida , nem tudo se explica
Noutras, o poeta se arrisca.
Pois, a razão de sofrer é ser vivo.
O motivo dos pais:
É que mundo anseia heróis
Para que entoemo-nos hinos.