Pobre Assalariado
Essa história de patrão e empregado é sempre a mesma
Patrão é que nem cliente, sempre tem razão
E o pobre do assalariado, se tiver juízo, nunca diz não
Chova o faça sol, ele tem que pegar no batente
Nunca ficar doente e fingir que tá contente
Se ficar desempregado, sem salário, tudo fica precário
Falta o dindim do mercado, da farmácia e da condução
Aí pior do que ter que aturar o patrão, que sempre tem razão
É ter que aturar a patroa, lhe chamando de atoa, encostado e coisa e tal
E pra dormir sossegado, o pobre do assalariado
Tem que encarar o sofá gelado e mais uma vez fingir que tá tudo bem
Mas o pobre fingidor, que mesmo sem ser ator, atua com maestria
Na labuta diária da vida porque sabe que sem alegria
A vida fica vazia e tanto faz ser assalariado ou patrão
Sem um sorriso no rosto a vida perde toda a razão
Rio, 14/06/2008