Travesseiro molhado
É noite. Faz-se madrugada.
Pensamentos são tecidos
Eu e as solidões do quarto
Não há ninguém agora além do
lençol que não é apenas de algodão
mas tem nos fios as fibras espessas
da saudade trafegando do meu peito até ele
A saudade está lá, entrelaçada nos fios das lembranças que
transbordam o peito de vida e esperanças
Apenas eu e a solidão do quarto de paredes
aquecidas pelo sol da tarde.
Sinto o peito encher de pólvora e queimar as
últimas fibras da saudade que ainda restam.
As fibras, essas únicas que ainda restam,
são as do lençol, o acompanhante ouvinte e fiel.
Ao queimar esse pavio de reminiscências,
a sensação de vida surge inesperadamente.
Quer desvendar. descobrir a si mesmo.