Ao difícil
Aferro-me ao que é difícil
Pois o fácil é banal
Todo fim tem seu início
E o começo seu final
Todo crescer necessita
Do sol para aflorar
Toda alma que se ergue,
Das cinzas sabe contar
Há, decerto, que se crie,
Para a vida suportar
O poeta faz a prosa
O pescador vai ao mar
De baixo do mesmo jugo
Ambos vivem a navegar
Um supera o tédio negro
Da angústia do pensar
O outro se afoga cedo
Nas mágoas do não criar.