FORA DO RUMO
Evaldo da Veiga

Sai fora do rumo, sai fora da fuga.
Queria ficar, precisava ficar, mas
continuei fugindo:
 de mim, de todos, de tudo..

Queria distância da minha carne sem voz,
do meu silêncio sem alma, 
e consegui acabar com tudo: 
sonhos, lembranças...
fiquei vida sem alma, destroços...

Depois, numa tentativa à época impertinente,
me procurei avidamente, no pó hesitante da vida.
E, perdido por irremediável,
dilacerei-me nos cacos da solidão.

Estrangulei minha força,
neguei o sim, o não, o talvez,
náusea branca..., morte insípida...
Ela veio, deixou vivo o corpo, 
mas silenciou a vida.

E este foi o meu sepulcro:
silencioso, sem voz,
 sem alternativa, sem dizer...
Com a morte, depois, veio minha espera:-
quem sabe em três dias voltarei? 
Ousei pensar...

Minha ressurreição demorou um pouco mais,
estou retornando dez anos depois,
MAS RETORNEI.

Niterói - RJ



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